POEMA DE ROSA KAPILA)
A PRECARIEDADE DA SORTE HUMANA
“estranho livro aquele que escreveste,
artista
da saudade e do sofrer! Estranho livro
aquele
em que puseste tudo o que eu sinto, sem
poder dizer” (Florbela Espanca)
Toda a carne que tenho
distribuída testa
/abaixo, dói.
E, ainda dizem que forte sou.
Eu ando, eu corro, eu penso em aparar aquela luva
/perdida por um astronauta, no interplanetário.
Eu invento “a lógica dos possíveis
narrativos” em lixo
/espacial.
O que me salva são os poetas de
antigamente,
/que me fazem companhia.
Avalio encantadores frutos e mistérios de pessoas
/escondendo seus sabores.
Penso nos grãos de areia que juntei
numa latinha
/de marrom glacê para
recompensas dar-me
/em formas irreais.
Imagino treinar feituras de sonetos, saltos ornamentais
/em cachoeiras, fluxos de energia no
Himalaia.
Penso muito na precariedade da sorte humana.
Lembro-me de um cajueiro velho de Pindamonhagaba.
Gosto de relembrar-me da casa do tio
Bob de Pinda
/e nos moranguinhos que
colhíamos pela estrada.
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