quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

domingo, 24 de novembro de 2013

Pê Itebi em Abracoros



Pê Sérgio Itteb em Abracoros
Conto de Rosa Kapila   E  Paulo Betti


Difícil estar em um ambiente sofisticado e ter de encarar as nossas próprias imperfeições, traduzidas à tona pela escrita. Algum dia eu ganhei uma bicicleta de verdade, uma Monark cor de rosa. Agora vá. Escreva a história. Escrevo de lápis, igual Shelley e Keats. E não vou desmaiar de cansaço. Fugi de casa e vim escrever em Abracoros. Há um aforismo Zen que diz: “Ao falar, fale; ao caminhar, caminhe; ao morrer; morra”. Acrescento: ao escrever, escreva.
     Vou começar a narrativa agora. Sou viúva três vezes. Deixo bem claro que dos homens só quero a inteligência.
     Um cineasta, poeta, escritor, ator, dramaturgo e feitor de muitas outras artes parou diante de um poste em Abracoros e ficou lendo um panfleto sobre um show que haveria na cidade -  um carrinho de mão passou por ele e, depois, duas galinhas coloridas. Aquela cidade não oferecia  perigos; entretanto sou narradora da história, apenas conto.
     Nenhum personagem me vê.
     Seria belicoso de minha parte; uma forasteira, saltar de um ônibus em um lugar e querer amigos. Lembrei-me de Brecht olhando pelas janelas... via mulheres com sapatos grandes numerando pedras. Para conhecer o teatro basta ficar em contato com as ruas. Ruas pobres, ruas ricas, ruas vazias, ruas cheias.
     Nosso ator, aqui na história, estava com as mãos nos bolsos de uma calça jeans e fitava o poste; do nada emergem três pessoas; sinistros, digamos que jogadores do lado obscuro da vida. Todas as três personas achavam que haviam descoberto uma nova língua e usavam linguagens secretas.
Eu estava com Moliére, Ibsen e Anne Sexton. Escondi tudo em minha bolsa mole e feiosa. Sabia que o ator é famosíssimo, fez centenas de filmes, novelas, peças de teatro.
     O segundo personagem aparece numa bicicleta: Senhor  Gerimário – e pede licença a Pê Itteb para prender a bicicleta ao poste com um cadeado. Arrancou do guidom uma lata de cera e uma flanela. Olhou Pê e perguntou se ele era novo no bairro.
     “Não. Nasci por essas bandas. O Senhor  vê TV ou vai ao cinema?”
     “Gerimário” – é meu nome. Não vejo TV. Detesto. Só teve um ator no mundo de quem eu gostava: Raul Cortez. Estou indo ao cemitério, quer ir comigo?
     “Como é seu nome?”
     “Pê”
     “Senhor Pê, me siga. Vamos fazer o passo do ganso. Vou na frente lhe orientando. Caminharemos tipo numa marcha fúnebre. Concorda?”
     “Concordo. Senhor Gerimário por que está indo ao cemitério?”
     “A  prosa é longa. Mas vou abreviar. Todo dia eu encero o túmulo de minha sogra”.
     Do outro lado da calçada haviam duas jovens – uma morena e a outra loura. Cada uma portava um caderno e uma caneta. Quando viam o olhar de Pê, viravam as costas, se abraçavam e davam risadinhas. Seguiam também Gerimário e Pê em marcha fúnebre; na outra calçada.
     Comecei a ficar com fome e entrei em um boteco.
     “Por gentileza, o Senhor tem aí ovo de pata?”
     “tenho, falou o homem do bar com um pano de prato imundo no cangote”.
     “Por favor cozinhe dois em uma panela e coloque uma colher de sal grosso no fundo para que os ovos não se quebrem. Bastam quatro minutos. Eu conto”. E, por obséquio quero também dois pães franceses”.
     Corri para a rua – não podia perdê-los de vista. A marcha era fúnebre mesmo.
      Quando soou a badalada dos quatro minutos, pedi os ovos, eu tinha em minha bolsa duas vasilhas  que imitavam pão. Quebrei os ovos, ajeitei nos vasilhames, pedi pimenta do reino, sal e azeite. Arrumei os dois ovos já dentro dos pães e catei meus guardanapos. Andei normal, comendo no meio da rua. Sinto-me Kafka na “Colônia Penal”. Com luz do norte, meu sorriso fica no lugar. Cena de recordação do tempo em que eu era atriz.
     Parecia que as quatro pessoas haviam combinado a sincronia. Teve uma hora que ri tanto que me engasguei com o ovo da pata.
     Naturalmente eu estava invisível.
     No cemitério, sentei-me em um túmulo e acabei a merenda. As meninas ali, mudas, dando risadinhas. Eu acho que posso caminhar sem o chão.
     “E agora, senhor Gerimário?”
     “Primeiro vou urinar amigo Pê”.
    “Mas isso é uma profanação!”
     “Só urino nos lugares que eu gosto  e o túmulo fica mais limpo.
À noite venho dormir aqui”.
     Na hora em que Gerimário urina, as meninas  fogem.
     Pê decidiu puxar assunto com as garotas: “vocês querem autógrafos?”
     Elas deram uma corridinha entre os túmulos, viraram as costas e continuaram sorrindo.
     “Vamos voltar ao poste para eu pegar minha bicicleta – falou Gerimário.”
     Agora somos cinco em marcha fúnebre.
     Quem sou eu?
     Vitorinha/Lena Rios/Aldenires/Lise Gabriele/Cecília Alencar/Bárbara Vasconcelos – nossa Babete/Marleide Lins/Ana Planchêz/Edna Médici/Juliana Craveiro/Olívia Santos/Valma Lopes/Selma Coelho/Cristina Sarney/Suzana Vargas/Elma Alegria/Cecilia Dionízio/Anne Sexton?
     Escrevo porque sou sozinha e ando pelo mundo sozinha. Uma coisa eu quero: escrever incompreensões. Escrevo porque sou Henry James.

POST SCRIPTUM:   PAULO BETTI CONTOU ESSA HISTÓRIA DE UMA FORMA BEM REALISTA COMO ESTÁ O TEXTO. EU, ROSA KAPILA APENAS PASSEI  A LIMPO A FALA DELE.
    













     

sábado, 19 de outubro de 2013

domingo, 13 de outubro de 2013

VOVÓ EMYLI

  VOVÓ EMYLI
Falange Dourada (ROSA KAPILA)
RECEBI UMA CARTA DE MINHA AVÓ EMYLI, QUE MORA EM LONDRES ( ELA AINDA É DAS ANTIGAS, FAZ CARTAS). UM TRECHINHO DA CARTA: "RELUTEI MUITO PARA VER O FILME "A VIDA É BELA". FINALMENTE VI E ACHO QUE O CINEASTA ERROU NA MÃO. ESSE FILME DEVIA CHAMAR-SE: "A VIDA É UMA MERDA".

terça-feira, 10 de setembro de 2013

MEU LUGAR NENHUM

Falange Dourada ( ROSA KAPILA )

MEU LUGAR NENHUM

"No meio da rua/ no meio do mundo/

no meio da vida/ ao léu, ao sol/ sombra?

- só a do chapéu"

( Josefina Neves Mello )

Para minha amiga Josefina



Um sol cor de "sangre"

Me dá adeus pelas costas na praia "vadia"

Minha mochila, atrás, se comunica por mim

/com seus fechos que parecem dois olhos.

Meu nariz é meu companheiro de viagem.

Eu, meu nariz e as mentiras humanas caminhamos,

/conversamos...

Tenho saudades de um pé... que eu pudesse arrastá-lo

/comigo.

Procuro uma escora em que eu possa ficar de lado.

Uma parede de sisal me segura. Durmo.

Dou de cara com um sonho.

Meu nariz também dorme.

Minha mala acabrestada de uma melancolia indolor,

/ geme.

Gemem os pés, os braços, o nariz.

Este é o meu gemido.

Uma poeta tosca indo atrás de Anne Sexton...

/olhe por mim, querida, afinal de contas

/ há no mundo mais mortos do que vivos.

O diário dos meus dias é ridículo.

Meu ouvido pensante também dorme.

Quantos abecedários eu joguei fora por esse mundo chinfrim.

Onde está aquele céu que me roubaram?

Escrito por Rosa Kapila às 20h04
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SENHORITA DOS 1.000 BLOGS
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MEU LUGAR NENHUM


sábado, 10 de agosto de 2013

MULHERES CULTAS - ROSA MARIA DOS SANTOS KAPILA - SENHORITA DOS 1.000 BLOGS

VERDES OVOS DE RÃS



(ROSA MARIA DOS SANTOS KAPILA)                                                                                                                                               VERDES  OVOS DE RÃS
SENHORITA DOS 1.000 BLOGS
“A poesia é a linguagem em estado de crise”
( Mallarmé )
Para  Nadia Possaty, uma de minhas gurus


Eu sou uma rosa de carne
E  tomo emprestada a imaginação  de meus poetas...
Vou lamber  meus  dois limões  chineses de hoje
Para azedar-me  bem em energia.
São essas coisinhas  reveladas que formam
Uma imensa touca espiritual.
Como eu gosto daquela tênue linha entre sonho
E dia
Vou sonhando
Vou condensando
Eu e  Nadia  Possaty
Daqui a pouco vamos dar uma  cafungada
No pescoço  do  mar.
Sonhei que cansei...
Eu faria  uma fritada com ovos de  rãs...
Mas eles estavam verdes
E eu os punha  para amadurecer.
Estávamos  na cozinha... Nadia  puxando a saia
De uma parte pudenda.
Quero uma poesia   de forma usável
Porque a idéia de minha poesia  é radicalizar
Num faz de conta  de tristeza eterna
E   de muita amargura
Tudo isso  forma  onda de teorias
Quero dizer que
A rebelde está viva
Por isso  eu escrevo  sobre sonho
Sobre sinfonias  de reconstrução
Sobre um minuto da fúria da Natureza
De vidas partidas ao meio
De pessoas que já nascem sobreviventes.
Hoje é um  escuro dia,  perfeito para
Uma espera do Luar.
A sina da rosa-carne é ser transitória
Como o beija-flor.




quinta-feira, 1 de agosto de 2013

ÍCARO

DESCUBRA!!!!!

ROSA MARIA DOS SANTOS KAPILA

gemeas silenciosas


As gémeas silenciosas
 
Mal-tratadas socialmente, June e Jennifer Gibbons só falavam com a família. E com o avançar dos anos, as irmãs nascidas em 1963 no País de Gales, passaram a estar cada vez mais dependentes uma da outra: desenvolveram uma língua própria em que comunicavam. Cometeram vários crimes, nomeadamente fogo posto e furtos menores até lhes ser diagnosticada esquizofrenia e serem internadas num hospital.

Escreveram um livro cada uma e aos 29 anos,k 11 anos depois do internamento, tiveram alta: horas depois, Jennifer morreu no ombro da irmã com uma súbita inflamação no músculo do coração. Mas o mistério continua sobre a verdadeira causa de morte: as gémeas tinham acordado que uma delas teria de morrer para que a outra pudesse ter uma vida normal. Combinaram que seria Jennifer.
 
 
O ESCRITOR QUE MAIS ME IMPRESSIONOU  NA VIDA FOI THOMAS HARDY E ,AGORA EM 2013 DESCUBRO DUAS ESCRITORAS GÊMEAS : JUNE E JENNIFER. PENA QUE EM PORTUGUÊS NÃO EXISTE NENHUM LIVRO DELAS. FICO ENLOUQUECIDA   DOS RASTROS DELAS EM INGLÊS. MAS TRATA-SE DE UM DOS CASOS MAIS ESTRANHOS DAS LITERATURAS.                 ROSA MARIA DOS SANTOS KAPILA - SENHORITA DOS 1.000 BLOGS. OBS: HÁ UMA BIOGRAFIA SOBRE ELAS ESCRITA POR   MARJORIEWALLACE.

gêmeas silenciosas

diário de ROSA KAPILA

01/08/2013 

As gémeas silenciosas
 
Mal-tratadas socialmente, June e Jennifer Gibbons só falavam com a família. E com o avançar dos anos, as irmãs nascidas em 1963 no País de Gales, passaram a estar cada vez mais dependentes uma da outra: desenvolveram uma língua própria em que comunicavam. Cometeram vários crimes, nomeadamente fogo posto e furtos menores até lhes ser diagnosticada esquizofrenia e serem internadas num hospital.

Escreveram um livro cada uma e aos 29 anos,k 11 anos depois do internamento, tiveram alta: horas depois, Jennifer morreu no ombro da irmã com uma súbita inflamação no músculo do coração. Mas o mistério continua sobre a verdadeira causa de morte: as gémeas tinham acordado que uma delas teria de morrer para que a outra pudesse ter uma vida normal. Combinaram que seria Jennifer.
 
 
O ESCRITOR QUE MAIS ME IMPRESSIONOU  NA VIDA FOI THOMAS HARDY E ,AGORA EM 2013 DESCUBRO DUAS ESCRITORAS GÊMEAS : JUNE E JENNIFER. PENA QUE EM PORTUGUÊS NÃO EXISTE NENHUM LIVRO DELAS. FICO ENLOUQUECIDA   DOS RASTROS DELAS EM INGLÊS. MAS TRATA-SE DE UM DOS CASOS MAIS ESTRANHOS DAS LITERATURAS.                 ROSA MARIA DOS SANTOS KAPILA - SENHORITA DOS 1.000 BLOGS. OBS: HÁ UMA BIOGRAFIA SOBRE ELAS ESCRITA POR   MARJORIEWALLACE.

terça-feira, 30 de julho de 2013

"japonesa"

diário de ROSA KAPILA

30/07/2013

erça-feira, 30 de julho de 2013

japonesa

 ROSA MARIA DOS SANTOS KAPILA - SENHORITA DOS 1.000 BLOGS  "JAPONESA"

"japonesa"

erça-feira, 30 de julho de 2013

japonesa

 ROSA MARIA DOS SANTOS KAPILA - SENHORITA DOS 1.000 BLOGS  "JAPONESA"

japonesa

 ROSA MARIA DOS SANTOS KAPILA - SENHORITA DOS 1.000 BLOGS  "JAPONESA"

domingo, 28 de julho de 2013

TUDO NOS DIZ ADEUS,TUDO NOS DEIXA.... POEMA DE ROSA KAPILA



ROSA MARIA DOS SANTOS KAPILA – SENHORITA DOS 1.000 BLOGS POEMA
“TUDO NOS DIZ ADEUS, TUDO NOS DEIXA”

TENHO QUE RELER ALGUNS LIVROS.
EU JÁ ENCAREI MEU MAIOR DEMÔNIO.
ALICE ATRAVÉS DO ESPELHO E SUA PERGUNTA:
“ QUEM SONHOU ISSO?”
TENHO QUE RELER HERÁCLITO, O OBSCURO.
ASSIM DIZ  PLOTINO:
“ A TARDE  ELEMENTAL RONDA A CASA”.
A DE ONTEM,A DE HOJE, A QUE NÃO PASSA
IGNORANTE AMOR, A IRONIA, O DESEJO DE SER.
ESTOU FOLHEANDO NESSE MOMENTO
OS DIVERSOS LIVROS QUE NÃO ESCREVI
TENHO VÁRIAS IDENTIDADES:
SEMPRE ESPREITANDO SEM SER VISTA,
IGUAL UMA MALA VAZIA GUARDADA
EM UM ARMÁRIO, ESPERANDO SER ENCHIDA.
POR FIM , CHOREI PARA O PODER SUPERIOR.